É uma hora sem hora, de um segundo infinito,
a hora triste. O pensamento distante e perdido
aflito; de batida em batida o peito incontido,
não crê, apenas ouve o triste veredicto.
À hora triste, por um segundo longo e maldito,
nada se ouve, nada se murmura. Tudo se destrói.
Do outro lado, o lado de dentro, algo se constrói:
o muro, a corda bamba, a chama do delito.
É uma hora sem regra, de uma ferida indizível,
de um choque, um impacto. Uma hora sem mitos,
quando o homem forte se torna irreconhecível.
À hora triste, os livros da vida, transcritos,
têm em si desenhada a sensação terrível
de não poderem ser, jamais, reescritos.
sábado, 15 de dezembro de 2007
2007 - 1º Lugar Sexto Concurso Fco Beltrão de Literatura
Tonicidade
Patrícia Moresco
Ouvirão de meus passos somente o murmúrio
Como o ácaro perdido na parede úmida
Cantarão de meu canto somente o silêncio
Como o orvalho caindo da pétala inóspita
Saberão de meus sonhos somente o inédito
Como o ontem amanhã e o amanhã do próximo
Lembrarão de meus atos somente o despótico
Como o agir das ondas sobre o barco náufrago
Clamarão de meu nome somente o fonético
Como peças velhas em um novo pórtico
Guardarão de meus livros somente o legítimo
Como a areia renovada pelo mar caótico
Lembrarão de meus versos somente o simbólico
Como algarismos soltos no universo matemático
Mas continuo em meio a este mundo impérito
E vivo e construo do meu jeito estático
E quando sentarem-se, à hora do crepúsculo,
Tentando entender o seu sentido máximo,
Terão invocado uma lembrança enfática
Como um gigante ébrio de pensar raquítico:
Não saberão que, em meio a tanto júbilo,
Acolher-me-ão, num elo filosófico.
Serei eterna em cada olhar poético.
---
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais
Patrícia Moresco
Ouvirão de meus passos somente o murmúrio
Como o ácaro perdido na parede úmida
Cantarão de meu canto somente o silêncio
Como o orvalho caindo da pétala inóspita
Saberão de meus sonhos somente o inédito
Como o ontem amanhã e o amanhã do próximo
Lembrarão de meus atos somente o despótico
Como o agir das ondas sobre o barco náufrago
Clamarão de meu nome somente o fonético
Como peças velhas em um novo pórtico
Guardarão de meus livros somente o legítimo
Como a areia renovada pelo mar caótico
Lembrarão de meus versos somente o simbólico
Como algarismos soltos no universo matemático
Mas continuo em meio a este mundo impérito
E vivo e construo do meu jeito estático
E quando sentarem-se, à hora do crepúsculo,
Tentando entender o seu sentido máximo,
Terão invocado uma lembrança enfática
Como um gigante ébrio de pensar raquítico:
Não saberão que, em meio a tanto júbilo,
Acolher-me-ão, num elo filosófico.
Serei eterna em cada olhar poético.
---
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais
2003 - 1º Lugar Quarto Concurso Fco Beltrão de Literatura
O Novo Poema
Patrícia Moresco
Abro este espaço para um novo poema:
quero um poema novo para o dia de amanhã.
Um poema tão forte quanto a própria força,
tão vivo quanto a própria vida.
Quero um poema que salte das páginas fechadas,
que pule ao colo com um abraço afetuoso,
peça um beijo na face e se compadeça dos homens.
Um poema poliglota que se pronuncie ao mundo,
que tenha mãos livres e as solte livremente
(para que nelas se apóiem os homens fracos).
Quero um poema que desfaça altares,
que redima o culto aos deuses hipócritas,
que atire lanças aos olhos do orgulho,
que semeie rosas nos porões escuros.
Um poema tão sóbrio,
um poema tão sábio,
um poema tão simples,
que fracione o Tudo em partes semelhantes,
e que cada criança possa compreender.
Quero um poema como um laço de fogo,
que ninguém jamais consiga desatar.
Um poema feito de palavras simples,
de versos soltos e períodos curtos,
cuja única rima seja o próprio lema.
Quero um poema como um pássaro liberto,
como uma noite de chuva ou um céu azul.
Quero um poema como o orvalho fresco,
uma canção de ninar que adormeça o ódio.
Abro este espaço para um novo poema:
um poema eterno que modifique o hoje,
assinado pelo mundo e entitulado: Paz.
Patrícia Moresco
Abro este espaço para um novo poema:
quero um poema novo para o dia de amanhã.
Um poema tão forte quanto a própria força,
tão vivo quanto a própria vida.
Quero um poema que salte das páginas fechadas,
que pule ao colo com um abraço afetuoso,
peça um beijo na face e se compadeça dos homens.
Um poema poliglota que se pronuncie ao mundo,
que tenha mãos livres e as solte livremente
(para que nelas se apóiem os homens fracos).
Quero um poema que desfaça altares,
que redima o culto aos deuses hipócritas,
que atire lanças aos olhos do orgulho,
que semeie rosas nos porões escuros.
Um poema tão sóbrio,
um poema tão sábio,
um poema tão simples,
que fracione o Tudo em partes semelhantes,
e que cada criança possa compreender.
Quero um poema como um laço de fogo,
que ninguém jamais consiga desatar.
Um poema feito de palavras simples,
de versos soltos e períodos curtos,
cuja única rima seja o próprio lema.
Quero um poema como um pássaro liberto,
como uma noite de chuva ou um céu azul.
Quero um poema como o orvalho fresco,
uma canção de ninar que adormeça o ódio.
Abro este espaço para um novo poema:
um poema eterno que modifique o hoje,
assinado pelo mundo e entitulado: Paz.
2001 - 1º Lugar Terceiro Concurso Fco Beltrão de Literatura
Reflectare
Patrícia Moresco
Eu quero um poema que disserte muito
Não a mim apenas, mas ao mundo;
que não seja apenas mais uma história,
que frutifique e que deixe memória.
Eu quero falar deste chão que me acolhe
Onde a brisa da aurora ao raiar se recolhe
Deste chão que tem água e tem verde e tem vida
Deste chão onde cresce a semente nascida.
Eu não quero, porém, só olhar os campos
As flores, regatos, seus milhões de encantos;
Quero olhos abertos para ver além
A noite tão fria que meu povo tem.
Eu quero falar da nação-natureza
Que se esvai pelos ralos da mãe-avareza
E não perde a beleza apesar de ter classes
E de ter homens sábios em mudar de faces.
Eu quero falar da nação-sociedade
Que inspira esperanças a qualquer idade
Que tem liberdade em sonhar e sonhar
E as mãos impedidas de concretizar.
Eu quero falar de quinhentos anos
Em que os próprios homens já não são humanos
Em que a vida é fonte de matéria prima
Em que o pão-dormido ilude, desanima.
Eu quero falar de quinhentos anos
Em que os índios lutam pelos seus direitos
Em que seus direitos são apenas planos
Em que os planos (tantos) nunca são perfeitos
Eu quero falar de um país que importa
E destrói a vida, sua artéria-aorta
De um país que cresce em batalhões de pobres
Enquanto alguns crescem em milhões de cobres
Eu quero falar de um chão produtivo
Que os latifúndios fazem inativo
Do branco que um dia se apossou da terra
E cujo legado é o instinto de guerra
Eu quero falar, tenho tanto a dizer!
Este chão-abrigo é que me faz viver!
São quinhentos anos que o Brasil labuta
E que sonha e que sofre e desperta e luta
E no entanto ainda vive desigual
E que sempre adia sua arte final.
Eu quero falar que cantar não basta
Pra solucionar a insensatez tão vasta;
É preciso vida para ser feliz
Permita que eu grite pelo meu país.
---
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
Patrícia Moresco
Eu quero um poema que disserte muito
Não a mim apenas, mas ao mundo;
que não seja apenas mais uma história,
que frutifique e que deixe memória.
Eu quero falar deste chão que me acolhe
Onde a brisa da aurora ao raiar se recolhe
Deste chão que tem água e tem verde e tem vida
Deste chão onde cresce a semente nascida.
Eu não quero, porém, só olhar os campos
As flores, regatos, seus milhões de encantos;
Quero olhos abertos para ver além
A noite tão fria que meu povo tem.
Eu quero falar da nação-natureza
Que se esvai pelos ralos da mãe-avareza
E não perde a beleza apesar de ter classes
E de ter homens sábios em mudar de faces.
Eu quero falar da nação-sociedade
Que inspira esperanças a qualquer idade
Que tem liberdade em sonhar e sonhar
E as mãos impedidas de concretizar.
Eu quero falar de quinhentos anos
Em que os próprios homens já não são humanos
Em que a vida é fonte de matéria prima
Em que o pão-dormido ilude, desanima.
Eu quero falar de quinhentos anos
Em que os índios lutam pelos seus direitos
Em que seus direitos são apenas planos
Em que os planos (tantos) nunca são perfeitos
Eu quero falar de um país que importa
E destrói a vida, sua artéria-aorta
De um país que cresce em batalhões de pobres
Enquanto alguns crescem em milhões de cobres
Eu quero falar de um chão produtivo
Que os latifúndios fazem inativo
Do branco que um dia se apossou da terra
E cujo legado é o instinto de guerra
Eu quero falar, tenho tanto a dizer!
Este chão-abrigo é que me faz viver!
São quinhentos anos que o Brasil labuta
E que sonha e que sofre e desperta e luta
E no entanto ainda vive desigual
E que sempre adia sua arte final.
Eu quero falar que cantar não basta
Pra solucionar a insensatez tão vasta;
É preciso vida para ser feliz
Permita que eu grite pelo meu país.
---
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
1999 - 1º Lugar Segundo Concurso Fco Beltrão de Literatura
Esperança
Patrícia Moresco
Em algum lugar o poeta sonha.
Não é utopia, sonha bem mais
não importa de quê o hoje se componha
o seu sonho é bem mais forte e vai atrás:
é maior a cada findar de dia.
Não pode fazer o relógio parar,
É inócuo ao tempo e inerte se vê;
mas seu sonho vai além do amanhecer
e já transcende os limites do sonhar.
Jamais desistir,
ultrapassar fronteiras.
Quando as mãos se unem, derrubam barreiras.
De alma para alma,
De oração em oração
Um povo inteiro entoa uma canção
E a melodia se expandindo sempre mais,
Com calma.
E vai o sonho, em uniforme movimento.
E bem além das lágrimas contidas,
Bem além das mãos estremecidas
Uma esperança já sucumbe o sofrimento;
vem uma hora, vem um dia, um ano inteiro,
Um novo tempo é chegado e verdadeiro:
É hora de firmemente acreditar
Que acreditando é que se pode melhorar.
E se preenche um velho século vivido.
Foram as dores,
Foram as flores.
Uma nova primavera se inicia
E se pressente nova aurora de alegria
Que compensa o dessossego sofrido:
Dois braços dados, muitos braços já unidos,
Não são vencidos.
A união alcança todos os seus fins
E esta certeza faz florir novos jardins.
Agora sei; não é um sonho.
Eu, poeta, suponho,
que as crenças são iguais.
Creio que é agora a hora de pensar
Creio que as mãos se devam enlaçar
Pra antecipar esse convívio com a paz.
Eu creio sim numa nova realidade
Em que os irmãos sejam irmãos com lealdade
Sem preconceito, nem de raça nem de cor;
Creio num mundo renovado de esperança
Em que sorrir seja a constante da criança.
Eu creio sim num novo século de amor.
----------------------------
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
Patrícia Moresco
Em algum lugar o poeta sonha.
Não é utopia, sonha bem mais
não importa de quê o hoje se componha
o seu sonho é bem mais forte e vai atrás:
é maior a cada findar de dia.
Não pode fazer o relógio parar,
É inócuo ao tempo e inerte se vê;
mas seu sonho vai além do amanhecer
e já transcende os limites do sonhar.
Jamais desistir,
ultrapassar fronteiras.
Quando as mãos se unem, derrubam barreiras.
De alma para alma,
De oração em oração
Um povo inteiro entoa uma canção
E a melodia se expandindo sempre mais,
Com calma.
E vai o sonho, em uniforme movimento.
E bem além das lágrimas contidas,
Bem além das mãos estremecidas
Uma esperança já sucumbe o sofrimento;
vem uma hora, vem um dia, um ano inteiro,
Um novo tempo é chegado e verdadeiro:
É hora de firmemente acreditar
Que acreditando é que se pode melhorar.
E se preenche um velho século vivido.
Foram as dores,
Foram as flores.
Uma nova primavera se inicia
E se pressente nova aurora de alegria
Que compensa o dessossego sofrido:
Dois braços dados, muitos braços já unidos,
Não são vencidos.
A união alcança todos os seus fins
E esta certeza faz florir novos jardins.
Agora sei; não é um sonho.
Eu, poeta, suponho,
que as crenças são iguais.
Creio que é agora a hora de pensar
Creio que as mãos se devam enlaçar
Pra antecipar esse convívio com a paz.
Eu creio sim numa nova realidade
Em que os irmãos sejam irmãos com lealdade
Sem preconceito, nem de raça nem de cor;
Creio num mundo renovado de esperança
Em que sorrir seja a constante da criança.
Eu creio sim num novo século de amor.
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Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Anorexia: entre a beleza, a obsessão e a morte
por Patrícia Moresco
Sob o bombardeio das tendências ditadas pela moda contemporânea, que impõem a magreza como símbolo de beleza, elegância, e sucesso no convívio social, não é difícil encontrarmos as vítimas. Pesquisas revelam que mais de 1,7 milhão de brasileiros sofre de Anorexia, um transtorno alimentar e psíquico que acomete principalmente jovens entre 14 e 18 anos, mas que se estende, em menor número, a pacientes de 13 a 30 anos.
A anorexia é uma doença caracterizada pela supressão parcial ou total da alimentação e diminuição excessiva de peso, a curto ou longo prazo. O anoréxico – como é chamado o paciente – observa seu corpo de forma exageradamente crítica, tem uma autopercepção das formas corporais distorcida e a sua auto-estima se dá somente em função do emagrecimento contínuo. A doença já vitima pessoas há décadas, mas vem entrando cada vez mais em evidência, em função de novos fatores externos. O assunto, levado ao ar pela Rede Globo nas novelas do horário nobre, tem aberto espaço maior para discussão e conscientização a seu respeito.
A maior dificuldade quanto à anorexia é que a busca da cura raramente vem do próprio paciente, que não admite sua obsessão como doença. Os sintomas precisam ser observados pelos familiares, principalmente pelos pais, em virtude da idade de pico do transtorno; as providências devem ser imediatas, pois o índice de mortalidade por anorexia é o mais alto de todos os transtornos alimentares: entre 15% e 20%.
Os sintomas da anorexia são muito específicos e o seu diagnóstico é implacável. Segundo a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), pessoas que insistem em manter o peso 85% abaixo do normal para sua idade podem ser consideradas anoréxicas, mas existem outros sintomas evidentes que tornam fácil a sua percepção. Os anoréxicos podem, repetidamente, se recusarem a participar das refeições familiares, sob alegação de que já comeram e não estão mais com fome; têm preocupação exagerada quanto aos alimentos e às calorias, comumente procurando este tipo de informação nos rótulos dos produtos ou em tabelas específicas; nas mulheres, observa-se a interrupção de pelo menos três ciclos menstruais e surge a amenorréia; em alguns casos, submetem-se à atividades físicas intensas e exageradas; estão em constante acompanhamento de seu peso e geralmente têm o hábito de medir o próprio corpo; num estágio mais avançado da doença, fazem uso de laxativos e diuréticos, e podem desenvolver a bulimia; a pele tende a ficar extremamente seca e surgem as crises psíquicas, como falta de concentração, agressividade, irritabilidade, depressão e, em alguns casos, síndrome do pânico.
Estudos sobre as causas da anorexia formam um leque muito grande de possibilidades. A primeira grande incentivadora do emagrecimento compulsivo é a mídia. As revistas líderes de venda para o público feminino tratam de assuntos como dietas, moda e beleza. Mas os homens também constam das estatísticas da doença: cerca de 5% dos pacientes que procuram ajuda são homens. A comunicação visual que envolve personagens humanos é embasada na elegância, e estes personagens são, notadamente, magros, aparentando que, assim, tudo lhes cairá bem. Os efeitos deste apelo visual, principalmente no público adolescente, cuja personalidade está em formação, têm sido um dos assuntos mais discutidos entre os especialistas que estudam a psique.
Além da ditadura da moda, outros fatores mais particulares podem desencadear a doença. Trabalhos apontam a predisposição genética para alguns casos: parentes de 1º grau de vítimas de anorexia exibem um risco oito vezes maior de desenvolver a doença. Considera-se também a vulnerabilidade da personalidade e outros mecanismos psicológicos menos específicos. Um estudo feito pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, revelou que uma em cada cinco meninas com nove anos de idade faz dieta porque, na escola, é troçada por seu aspecto físico. Aproximadamente 40% dos casos de anorexia surgem após uma dieta de emagrecimento normal, e 45% dos casos surgem de situações competitivas, seja no trabalho ou no relacionamento. Por este motivo, profissões como bailarinos, dançarinos, atores, modelos, jóqueis e atletas, são consideradas de risco para o desenvolvimento de anorexia.
A mortalidade dos pacientes de anorexia é a mais alta de todas as doenças de base alimentar, e a maioria dos casos de morte registrados ocorreu por inanição, suicídio ou parada cardíaca. Os pacientes que se recuperam podem apresentar seqüelas pelo resto da vida, como casos flutuantes de depressão, dificuldades nos relacionamentos familiares, predisposição à depressão pós-parto nas mulheres, e adaptação profissional ruim. Além disso, podem desenvolver outras doenças devido à falta de nutrientes, como osteoporose, insuficiência renal e, nos casos de amenorréia (interrupção da menstruação), o sistema reprodutor da mulher pode ser seriamente comprometido. Na maioria dos casos descobertos e tratados em estágio inicial e intermediário, o paciente se recupera completamente, embora seja necessário o acompanhamento por alguns anos.
A grande dificuldade do tratamento é a aceitação por parte do paciente: como faz parte da doença que os pacientes se neguem a admiti-la, é possível que eles vejam o médico como um inimigo, interessado somente em alimentá-los, promovendo desta forma o aumento do seu peso. Nos casos mais graves, faz-se necessária a hospitalização para corrigir os níveis hidroeletrolíticos, além de acompanhamento nutricional e psicológico. A reiteração da alimentação deve ser feita de forma gradativa, pois o contrário pode resultar em sobrecarga cardíaca. Mas o fator mais relevante para a recuperação é que a família esteja consciente de que não será fácil, mas que deve persistir e promover o apoio incondicional.
Os Famosos e a Anorexia – Vários casos de anorexia já foram registrados sobre conhecidas personalidades. Atualmente, na novela Páginas da Vida, exibida pela Rede Globo, a atriz Débora Évelyn interpreta a mãe que, por não ter realizado o sonho de ser bailarina, obriga a filha à profissão e à magreza, iniciando um processo de bulimia. Na vida real, Débora parou de comer aos 17 anos, e chegou a pesar 36 quilos. Sua recuperação durou cerca de três anos. Em Cobras e Lagartos, novela também exibida pela Rede Globo, a personagem Júlia (Luiza Mariani) é uma nutricionista que sofre de anorexia.
Um caso mundialmente famoso de morte por anorexia foi o da vocalista e baterista da banda The Carpenters, Karen Carpenter, que morreu aos 33 anos de idade, em 1983, quando estava no auge da carreira. Karen, que já estava pesando 35 quilos, foi encontrada inconsciente na casa de seus pais, e morreu de ataque cardíaco no mesmo dia.
Alanis Morissete, uma das cantoras internacionais mais conhecidas, foi vítima de anorexia e bulimia por cinco anos, e recuperou-se depois de muitas sessões de terapia. Vitória Beckahm, ex-integrante do grupo Spice Girls, hoje casada com o ídolo do futebol David Beckham, tornou-se anoréxica quando ainda estava no grupo, depois de várias dietas descontroladas.
A campeã brasileira de surfe, Andréa Lopes, também já viveu o terror, chegando aos 38 quilos, e teve que deixar de participar de algumas competições por falta de força física. No ápice da doença, Andréa reconheceu o problema e decidiu se curar.
Para não deixarmos os homens de fora desta lista, mencionamos o caso de Daniel Johns, o vocalista da banda Silverchair, que, durante a doença, compôs várias canções falando sobre o assunto, dentre elas a mais famosa, Ana’s Song; e de Matt Damon, que, após perder 20 quilos para a gravação do filme Coragem Sob Fogo, precisou admitir a doença e se submeter a tratamento. Outras personalidades como Lady Di também assumiram a doença.
Atualmente, o caso mais comentado de superação da anorexia é o da atriz e cantora do grupo Rebeldes, Anahí Portillo. Ela conta que, durante a gravação da novela mexicana Mulheres Enganadas, começou a deixar de comer. "A supressão aumentava e eu ficava feliz por estar emagrecendo", conta. "Com o tempo, sentia-me bem apenas quando percebia que estava perdendo peso". Anahí somente aceitou o tratamento aos 17 anos, numa situação de emergência em que foi levada ao hospital e seu coração parou de bater por 8 segundos; passou por três clínicas de recuperação e diz que seu principal aliado foi o apoio da família. Hoje, Anahí levanta a bandeira contra as dietas de emagrecimento e diz que não deseja esta doença nem ao seu pior inimigo. ■
Sob o bombardeio das tendências ditadas pela moda contemporânea, que impõem a magreza como símbolo de beleza, elegância, e sucesso no convívio social, não é difícil encontrarmos as vítimas. Pesquisas revelam que mais de 1,7 milhão de brasileiros sofre de Anorexia, um transtorno alimentar e psíquico que acomete principalmente jovens entre 14 e 18 anos, mas que se estende, em menor número, a pacientes de 13 a 30 anos.
A anorexia é uma doença caracterizada pela supressão parcial ou total da alimentação e diminuição excessiva de peso, a curto ou longo prazo. O anoréxico – como é chamado o paciente – observa seu corpo de forma exageradamente crítica, tem uma autopercepção das formas corporais distorcida e a sua auto-estima se dá somente em função do emagrecimento contínuo. A doença já vitima pessoas há décadas, mas vem entrando cada vez mais em evidência, em função de novos fatores externos. O assunto, levado ao ar pela Rede Globo nas novelas do horário nobre, tem aberto espaço maior para discussão e conscientização a seu respeito.
A maior dificuldade quanto à anorexia é que a busca da cura raramente vem do próprio paciente, que não admite sua obsessão como doença. Os sintomas precisam ser observados pelos familiares, principalmente pelos pais, em virtude da idade de pico do transtorno; as providências devem ser imediatas, pois o índice de mortalidade por anorexia é o mais alto de todos os transtornos alimentares: entre 15% e 20%.
Os sintomas da anorexia são muito específicos e o seu diagnóstico é implacável. Segundo a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), pessoas que insistem em manter o peso 85% abaixo do normal para sua idade podem ser consideradas anoréxicas, mas existem outros sintomas evidentes que tornam fácil a sua percepção. Os anoréxicos podem, repetidamente, se recusarem a participar das refeições familiares, sob alegação de que já comeram e não estão mais com fome; têm preocupação exagerada quanto aos alimentos e às calorias, comumente procurando este tipo de informação nos rótulos dos produtos ou em tabelas específicas; nas mulheres, observa-se a interrupção de pelo menos três ciclos menstruais e surge a amenorréia; em alguns casos, submetem-se à atividades físicas intensas e exageradas; estão em constante acompanhamento de seu peso e geralmente têm o hábito de medir o próprio corpo; num estágio mais avançado da doença, fazem uso de laxativos e diuréticos, e podem desenvolver a bulimia; a pele tende a ficar extremamente seca e surgem as crises psíquicas, como falta de concentração, agressividade, irritabilidade, depressão e, em alguns casos, síndrome do pânico.
Estudos sobre as causas da anorexia formam um leque muito grande de possibilidades. A primeira grande incentivadora do emagrecimento compulsivo é a mídia. As revistas líderes de venda para o público feminino tratam de assuntos como dietas, moda e beleza. Mas os homens também constam das estatísticas da doença: cerca de 5% dos pacientes que procuram ajuda são homens. A comunicação visual que envolve personagens humanos é embasada na elegância, e estes personagens são, notadamente, magros, aparentando que, assim, tudo lhes cairá bem. Os efeitos deste apelo visual, principalmente no público adolescente, cuja personalidade está em formação, têm sido um dos assuntos mais discutidos entre os especialistas que estudam a psique.
Além da ditadura da moda, outros fatores mais particulares podem desencadear a doença. Trabalhos apontam a predisposição genética para alguns casos: parentes de 1º grau de vítimas de anorexia exibem um risco oito vezes maior de desenvolver a doença. Considera-se também a vulnerabilidade da personalidade e outros mecanismos psicológicos menos específicos. Um estudo feito pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, revelou que uma em cada cinco meninas com nove anos de idade faz dieta porque, na escola, é troçada por seu aspecto físico. Aproximadamente 40% dos casos de anorexia surgem após uma dieta de emagrecimento normal, e 45% dos casos surgem de situações competitivas, seja no trabalho ou no relacionamento. Por este motivo, profissões como bailarinos, dançarinos, atores, modelos, jóqueis e atletas, são consideradas de risco para o desenvolvimento de anorexia.
A mortalidade dos pacientes de anorexia é a mais alta de todas as doenças de base alimentar, e a maioria dos casos de morte registrados ocorreu por inanição, suicídio ou parada cardíaca. Os pacientes que se recuperam podem apresentar seqüelas pelo resto da vida, como casos flutuantes de depressão, dificuldades nos relacionamentos familiares, predisposição à depressão pós-parto nas mulheres, e adaptação profissional ruim. Além disso, podem desenvolver outras doenças devido à falta de nutrientes, como osteoporose, insuficiência renal e, nos casos de amenorréia (interrupção da menstruação), o sistema reprodutor da mulher pode ser seriamente comprometido. Na maioria dos casos descobertos e tratados em estágio inicial e intermediário, o paciente se recupera completamente, embora seja necessário o acompanhamento por alguns anos.
A grande dificuldade do tratamento é a aceitação por parte do paciente: como faz parte da doença que os pacientes se neguem a admiti-la, é possível que eles vejam o médico como um inimigo, interessado somente em alimentá-los, promovendo desta forma o aumento do seu peso. Nos casos mais graves, faz-se necessária a hospitalização para corrigir os níveis hidroeletrolíticos, além de acompanhamento nutricional e psicológico. A reiteração da alimentação deve ser feita de forma gradativa, pois o contrário pode resultar em sobrecarga cardíaca. Mas o fator mais relevante para a recuperação é que a família esteja consciente de que não será fácil, mas que deve persistir e promover o apoio incondicional.
Os Famosos e a Anorexia – Vários casos de anorexia já foram registrados sobre conhecidas personalidades. Atualmente, na novela Páginas da Vida, exibida pela Rede Globo, a atriz Débora Évelyn interpreta a mãe que, por não ter realizado o sonho de ser bailarina, obriga a filha à profissão e à magreza, iniciando um processo de bulimia. Na vida real, Débora parou de comer aos 17 anos, e chegou a pesar 36 quilos. Sua recuperação durou cerca de três anos. Em Cobras e Lagartos, novela também exibida pela Rede Globo, a personagem Júlia (Luiza Mariani) é uma nutricionista que sofre de anorexia.
Um caso mundialmente famoso de morte por anorexia foi o da vocalista e baterista da banda The Carpenters, Karen Carpenter, que morreu aos 33 anos de idade, em 1983, quando estava no auge da carreira. Karen, que já estava pesando 35 quilos, foi encontrada inconsciente na casa de seus pais, e morreu de ataque cardíaco no mesmo dia.
Alanis Morissete, uma das cantoras internacionais mais conhecidas, foi vítima de anorexia e bulimia por cinco anos, e recuperou-se depois de muitas sessões de terapia. Vitória Beckahm, ex-integrante do grupo Spice Girls, hoje casada com o ídolo do futebol David Beckham, tornou-se anoréxica quando ainda estava no grupo, depois de várias dietas descontroladas.
A campeã brasileira de surfe, Andréa Lopes, também já viveu o terror, chegando aos 38 quilos, e teve que deixar de participar de algumas competições por falta de força física. No ápice da doença, Andréa reconheceu o problema e decidiu se curar.
Para não deixarmos os homens de fora desta lista, mencionamos o caso de Daniel Johns, o vocalista da banda Silverchair, que, durante a doença, compôs várias canções falando sobre o assunto, dentre elas a mais famosa, Ana’s Song; e de Matt Damon, que, após perder 20 quilos para a gravação do filme Coragem Sob Fogo, precisou admitir a doença e se submeter a tratamento. Outras personalidades como Lady Di também assumiram a doença.
Atualmente, o caso mais comentado de superação da anorexia é o da atriz e cantora do grupo Rebeldes, Anahí Portillo. Ela conta que, durante a gravação da novela mexicana Mulheres Enganadas, começou a deixar de comer. "A supressão aumentava e eu ficava feliz por estar emagrecendo", conta. "Com o tempo, sentia-me bem apenas quando percebia que estava perdendo peso". Anahí somente aceitou o tratamento aos 17 anos, numa situação de emergência em que foi levada ao hospital e seu coração parou de bater por 8 segundos; passou por três clínicas de recuperação e diz que seu principal aliado foi o apoio da família. Hoje, Anahí levanta a bandeira contra as dietas de emagrecimento e diz que não deseja esta doença nem ao seu pior inimigo. ■
Premonição
Ainda que amanhã o Sol não nasça
e tudo se desfaça
eu terei amado a tua forma inteira
o teu gesto nesta noite derradeira
ainda que amanhã o Sol não nasça
Ainda que amanhã o Sol não nasça
e os olhos sejam fumaça
eu terei olhado claramente a tua face
a tua prece, o teu disfarce
ainda que tudo se desfaça
Ainda que amanhã o Sol não nasça
que tudo tenha sido farsa
eu terei acreditado na tua frase
no tímido poema que editaste
na tua ousadia, na tua graça
mesmo que tudo se desfaça
Ainda que amanhã o Sol não nasça
que nada se refaça
eu terei guardado este silêncio eterno
mesmo que aqui dentro seja inverno
ainda que a verdade seja escassa
ainda que a paixão vire fumaça
ainda que amanhã o Sol não nasça.
e tudo se desfaça
eu terei amado a tua forma inteira
o teu gesto nesta noite derradeira
ainda que amanhã o Sol não nasça
Ainda que amanhã o Sol não nasça
e os olhos sejam fumaça
eu terei olhado claramente a tua face
a tua prece, o teu disfarce
ainda que tudo se desfaça
Ainda que amanhã o Sol não nasça
que tudo tenha sido farsa
eu terei acreditado na tua frase
no tímido poema que editaste
na tua ousadia, na tua graça
mesmo que tudo se desfaça
Ainda que amanhã o Sol não nasça
que nada se refaça
eu terei guardado este silêncio eterno
mesmo que aqui dentro seja inverno
ainda que a verdade seja escassa
ainda que a paixão vire fumaça
ainda que amanhã o Sol não nasça.
Investigação da Vida
Eu, que não entendo nem a mim mesma, de repente me pego tentando entender a vida. Será o próprio amor capaz de destruir o amor?
Eu me pego aqui com toda a minha nostalgia pensando nas coisas que ficaram guardadas numa velha gaveta. E eu vejo nela um beijo roubado, um abraço apertado, um telefonema demorado. Vejo todas as coisas abstratas que acabam com o tempo. Acabam, mas não se perdem: estão lá, guardadas, na velha gaveta empoeirada. Lá estão guardadas coisas como um encontro no parque que durou até o amanhecer; uma carta de saudade, um choro que o outro enxugou. Um banho de chuva, um banho de rio. Uma despedida com pressa de voltar. Lá estão uns medos sem nexo resolvidos, umas desculpas. Um convite pra uma fuga do planeta. Eu vejo nela um beijo demorado, molhado. Um desejo, uma pressa de ir, de ficar, de qualquer coisa feita a dois. Um riso daqueles que, de tanto rir, faz chorar. Uma brincadeira. A gaveta está cheia, entulhada. E eu estou vazia: queria entender a vida.
O amor é este monstro grande e assustador. É o mesmo monstro que eu via quando criança, nas paredes do quarto escuro, e me disseram que não era verdade. Estavam enganados. Agora ele vem, o monstro do amor, o monstro assustador. Vem me perguntando no meio da noite: o que você fará se o amor acabar? É preciso estar armado. Esta coisa de monstros que nos pegam de surpresa é demasiadamente aterrorizante, é sufocante e não só isso: é triste.
Passo algumas horas olhando para esta minha velha gaveta. Fotos e filmes imaginários. Cartas imaginárias, e algumas materializadas, manuscritas, perfeitas. O amor deveria durar para sempre. Há tantas gavetas a encher! Diga-me apenas qual é o sintoma, para que eu não seja pega de surpresa pelo monstro! A minha velha gaveta não é velha; é uma criança suja que sofre a falta de atenção. O conteúdo é muito delicado, e está ali preso por um frágil cordão que pode, a qualquer momento, se quebrar.
A minha dúvida acontece revendo tanto conteúdo. Quando tudo muda, quando as pessoas mudam, quando os filmes imaginários se tornam difíceis de repetir. Quando não há replay. Quando o conteúdo da gaveta se torna uma relíquia. Eu me pergunto: qual é o sintoma do fim do amor? Eu quero investigar as hipóteses. O medo da resposta me faz inconformada. Não é possível que, com tantas gavetas ainda por encher, falte o conteúdo. É preciso saber. Para entender, para não temer o monstro. E para dizer que enfim, na verdade, o monstro não existe, e o amor verdadeiro é eterno.
Eu me pego aqui com toda a minha nostalgia pensando nas coisas que ficaram guardadas numa velha gaveta. E eu vejo nela um beijo roubado, um abraço apertado, um telefonema demorado. Vejo todas as coisas abstratas que acabam com o tempo. Acabam, mas não se perdem: estão lá, guardadas, na velha gaveta empoeirada. Lá estão guardadas coisas como um encontro no parque que durou até o amanhecer; uma carta de saudade, um choro que o outro enxugou. Um banho de chuva, um banho de rio. Uma despedida com pressa de voltar. Lá estão uns medos sem nexo resolvidos, umas desculpas. Um convite pra uma fuga do planeta. Eu vejo nela um beijo demorado, molhado. Um desejo, uma pressa de ir, de ficar, de qualquer coisa feita a dois. Um riso daqueles que, de tanto rir, faz chorar. Uma brincadeira. A gaveta está cheia, entulhada. E eu estou vazia: queria entender a vida.
O amor é este monstro grande e assustador. É o mesmo monstro que eu via quando criança, nas paredes do quarto escuro, e me disseram que não era verdade. Estavam enganados. Agora ele vem, o monstro do amor, o monstro assustador. Vem me perguntando no meio da noite: o que você fará se o amor acabar? É preciso estar armado. Esta coisa de monstros que nos pegam de surpresa é demasiadamente aterrorizante, é sufocante e não só isso: é triste.
Passo algumas horas olhando para esta minha velha gaveta. Fotos e filmes imaginários. Cartas imaginárias, e algumas materializadas, manuscritas, perfeitas. O amor deveria durar para sempre. Há tantas gavetas a encher! Diga-me apenas qual é o sintoma, para que eu não seja pega de surpresa pelo monstro! A minha velha gaveta não é velha; é uma criança suja que sofre a falta de atenção. O conteúdo é muito delicado, e está ali preso por um frágil cordão que pode, a qualquer momento, se quebrar.
A minha dúvida acontece revendo tanto conteúdo. Quando tudo muda, quando as pessoas mudam, quando os filmes imaginários se tornam difíceis de repetir. Quando não há replay. Quando o conteúdo da gaveta se torna uma relíquia. Eu me pergunto: qual é o sintoma do fim do amor? Eu quero investigar as hipóteses. O medo da resposta me faz inconformada. Não é possível que, com tantas gavetas ainda por encher, falte o conteúdo. É preciso saber. Para entender, para não temer o monstro. E para dizer que enfim, na verdade, o monstro não existe, e o amor verdadeiro é eterno.
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
Insígnia
Era aquele o momento da luta. Eu sabia
que de alguma forma me afetaria aquele drama.
Ele chegou num vento, um raio, trovão
tempestade.
Era aquele o sagrado momento em que as espadas
são desembainhadas. A luta acontecia.
Ele tinha um ar de profecia, olhos de promessa
eu perdia a luta e era aprisionada.
Era aquele o momento, quando aquele vento
bateu em mim, totalmente materializado.
Eu era uma mulher que me rendia.
O meu passado inteiro era marcado ali num carimbo de brasa
me prometendo que era aquele o meu começo.
Eu era uma mulher que amanhecia.
Coloquei em meus próprios pulsos a algema. E ele,
ele acontecia, acontecia. Era verdadeiro.
Era aquele o momento da chegada, Alice,
ao infinito País das Maravilhas.
---
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
que de alguma forma me afetaria aquele drama.
Ele chegou num vento, um raio, trovão
tempestade.
Era aquele o sagrado momento em que as espadas
são desembainhadas. A luta acontecia.
Ele tinha um ar de profecia, olhos de promessa
eu perdia a luta e era aprisionada.
Era aquele o momento, quando aquele vento
bateu em mim, totalmente materializado.
Eu era uma mulher que me rendia.
O meu passado inteiro era marcado ali num carimbo de brasa
me prometendo que era aquele o meu começo.
Eu era uma mulher que amanhecia.
Coloquei em meus próprios pulsos a algema. E ele,
ele acontecia, acontecia. Era verdadeiro.
Era aquele o momento da chegada, Alice,
ao infinito País das Maravilhas.
---
Ao copiar um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
Absoluta
Eu sou uma mulher que pulsa.
E pulsa em mim, além da vida,
a vontade inerente à minha natureza
a vontade pura, transparente, avulsa,
que faz em mim a fera mais temida
e mais pulsante, e de maior beleza.
A mulher em mim se descompassa
e o pulso faz-se oculto pela blusa
que tem a cor e o tom da minha pele.
Mulher macia, gesto são, alma devassa,
que perde o rumo, a chave, se põe confusa
no medo enorme de que o sonho se revele.
Eu sou uma mulher que se eterniza.
Trago sementes mortas que o beijo ressuscita,
e que germinam paixões, flores e frutos.
Gosto da gota de suor quando desliza
e, quando abro o botão da rosa que me habita,
conto o segredo dos heróis mais dissolutos.
--
Ao transcrever um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
E pulsa em mim, além da vida,
a vontade inerente à minha natureza
a vontade pura, transparente, avulsa,
que faz em mim a fera mais temida
e mais pulsante, e de maior beleza.
A mulher em mim se descompassa
e o pulso faz-se oculto pela blusa
que tem a cor e o tom da minha pele.
Mulher macia, gesto são, alma devassa,
que perde o rumo, a chave, se põe confusa
no medo enorme de que o sonho se revele.
Eu sou uma mulher que se eterniza.
Trago sementes mortas que o beijo ressuscita,
e que germinam paixões, flores e frutos.
Gosto da gota de suor quando desliza
e, quando abro o botão da rosa que me habita,
conto o segredo dos heróis mais dissolutos.
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Ao transcrever um texto ou parte dele, lembre-se de manter os créditos autorais.
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