segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ele...

Para Henrique, que todos os dias me ensina o que é amar.


Eu podia imaginar - pelo cheiro, pelos olhos, pelo gesto - que seria bom. E imaginava até mais do que deveria. Era como uma promessa de arco-íris no céu, uma promessa nunca dita, nunca revelada. Era promessa sem palavras que eu buscava ler, pelos olhos; promessa de jardim com flor - e eu quebrava aos poucos a promessa que havia feito a mim mesma. Estava prostrada diante da paixão.

Eu podia imaginar, mas nunca pude crer que estaria tão certa, que estaria tão mais que certa. Não podia pensar na existência de criatura como ele, nem sabia que existisse. Era um mundo novo que me aparecia, mais paciente, mais compreensivo, mais intenso, mais puramente apaixonado. Um mundo de doar sem esperar em troca, um mundo como o que pregam os livros de romance. Mais grandioso e, por ser tão diferente do mundo de onde eu vinha, mais assustador.

E eu me deixava absorver, lentamente, para dentro deste mundo, depois de tanto haver resistido pelo medo. E vi como era bom.

Aos poucos ele me trazia, por suas ações e reações, em pequenos goles, um novo exemplo da mudança que precisava acontecer em mim - mesmo não tendo dito, jamais, que esperasse qualquer mudança. Aceitar fazia parte da imensidão e completude do ser que ele era, e talvez fosse isso que mais me incentivava a mudar.

Eu seguia crescendo, sem perceber, perto do seu amor. Crescendo pouco a pouco, mas crescendo. Ia me fortalecendo, aprendendo a acreditar. Sobretudo, aprendendo dia a dia a admirar aquele homem de tamanha grandeza.

O amor cresceu, naturalmente, naquele jardim prometido sem palavras. O jardim acontecia, florido como nunca imaginei.

Eu podia imaginar o quanto seria bom estar com ele - e é reconfortante saber que eu estava certa.

Era como se ele me desse todas as flores do mundo quando, quieto, apenas me deixava deitar em seu colo e enxugava meu choro. Era como se ele me ensinasse um novo jeito de ensinar sem dizer palavra. Ensinava-me pelo silêncio, pelos gestos e, às vezes, por uma longa análise dos motivos que me moviam inconscientemente. Ensinava-me pelo tom de dizer um eu te amo, na forma abstrata da palavra, enquanto o amor se concretizava no enlace dos nossos corpos.

E era um homem... Era um homem. Certamente diferente de todos os outros. Era o homem que mudara meu destino, que me mudava a cada instante, que me fazia sentir a dor de forma totalmente nova - a saudável e pura dor de saudade. Era ele, e eu era feliz por poder enfim me entregar inteira, de corpo, alma, sonhos e esperanças.

Era ele... e eu era feliz, enfim.