terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Inocência


Riem-me as árvores da praça
e eu as contemplo em meu olhar poético.
Tenho um pensamento eclético
fico sem graça.

Divago minhas rimas neste enleio
e sonho, e o meu sonho me domina.
A força do minuto me abomina,
e perco o freio.

Relato tudo no papel do pensamento
com minhas costas sobre a grama debruçadas.
Me contagio com as palavras condenadas
me alimento.

Sinto receio do receio que me surge
e enrubesce minha face delirante.
O meu desejo se estampa em meu semblante
a noite urge.

Riem-me as árvores com seiva de endorfina
abro meus olhos e me sinto deslocada.
Talvez o verso seja a flor da madrugada
e eu, uma menina.


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Portas e Janelas


Vasos quebrados, sonhos partidos
onde está o que não está destruído?
Limpe seus olhos e seus ouvidos
Não é o mundo que está sujo:
é o seu vidro
O vidro da sua janela está embaçado
abra a janela, porque lá fora,
lá fora o sol tem aparecido
e tudo está aquecido

Tem algo que você tem esquecido
e quando estiver convencido
olhe e veja pela sua janela
então cante comigo
O dia está quase enternecido

Abra a sua janela,
a porta está ao lado dela.




terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Quarta-feira de cinzas

Eu ouvia a chuva branda
e a tua antiga máquina de costura.
Era uma paz que eu tinha.
A tua voz que, vez em quando, balbuciava
a tua fita que media, media,
imaginava, cortava, construía.
A reza era de manhã.
À tarde, só ouvíamos a chuva,
e palpitávamos, frente à TV,
qual seria a escola de samba campeã.
Ao fim do dia era a mesma rotina.
Paravas teu trabalho para outros afazeres,
e eu ia, de botas, guarda-chuva,
buscar as vacas, longe, na invernada.
É assim que eu me lembro.