(2002)
Tu és como a face das flores:
tens perfume e desabrochas sempre
não importa se tens dor ou alegria.
E eu, que tenho medo deste teu perfume,
oculto o medo em meio à poesia.
Tu és como a onda nos mares:
teu movimento é diferente sempre
mas tens no peito a mesma busca intensa.
E eu, que tenho medo dessa maresia,
oculto o medo em meio à desavença.
Tu és como a areia das praias:
vais e retornas com as ondas sempre,
mas é por ti que a praia inteira existe.
E eu, que tenho medo desse itinerário,
oculto o medo num poema triste.
Tu és como a ave nos ventos:
podes cortar o céu tão livre, sempre,
mas tens apego à lassidão do ninho.
E eu, que tenho medo dessa calmaria,
oculto o medo em meu pulsar sozinho.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
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