segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Antítese

(2002)

Não eras nada, e eras tudo que eu tinha.
Vinhas com medo, e com o mesmo medo eu vinha.
Quando parei,
o meu olhar te vislumbrou, inteiro
e o teu gesto, ligeiro,
roubou o antigo mundo que sonhei.

Não eras nada, e eras tudo que eu tinha.
E tenho ainda, e a tua solidão é minha.
Enquanto esperei,
o vento trouxe a mim teu cheiro.
E o mundo, faceiro,
fez brotar o plano que eu te dei.

Não eras nada, e eras tudo que eu tinha.
E sem teu colo estou aqui, sozinha.
Enquanto eu sonhei,
a minha alma despertou primeiro.
E o sonho, verdadeiro,
fez doar-te o pouco que guardei.

Nenhum comentário: