sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Estranha no espelho

É quando muda a forma
mas não se vê
quando, muda, a mudança acontece
sem qualquer sussurro
dentro de você

É quando não se reconhece
nenhum reflexo
Quando, frente ao espelho,
nada é verdadeiro
tudo está do avesso

Quando uma voz que se liberta
é sua, mas não é;
voz que num instante é submissa,
no outro, se agita
- inesperada maré

É quando não há certeza
do brilho no olhar:
brilho de estrela, toda luz própria,
ou brilho de gota
esperando secar?

Quando fica o dia sem cores
aos olhos castanhos.
E os entes que o habitam se entreolham,
não se reconhecem, perdidos:
são estranhos.





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