É hora de tirar um velho brinquedo da gaveta:
as mãos acariciam e afagam uma vida nova.
E tudo é novo, novos são os ares da alcova,
magia nascendo de uma forma tão discreta.
De repente lágrimas brotando docemente,
molhando o sorriso sutil, incontido, surpreso.
E pensa no rostinho que virá, tão indefeso
pensa no futuro, sente calma, sente medo.
E pensa a cor dos olhos, dos cabelos, nas mãozinhas...
Pensa na primeira letra que aprenderá na escola.
Pensa-o menino, correndo, jogando bola;
Pensa-a menina, brincando de casinha.
Imagina o tom do choro, a clareza do sorriso
Imagina a profissão... Será doutor? Será artista?
E compra o primeiro xale, escolhe o nome numa lista...
A pele está mais bonita, o gesto está mais preciso.
E um mundo inteiro se faz dentro daquela barriga.
Nasce um sonho, uma esperança, uma doce companhia.
O tempo passa, a espera cresce, e põe mais cor no seu dia
Ensaia um abraço, ensaia uma velha cantiga.
E cá está, poesia pura, arte enternecida,
Menina-mulher, mãezinha maravilhada.
Como disse o poeta numa frase bem pensada,
“a gente nasce várias vezes na vida”.
(2005)
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