domingo, 20 de julho de 2008

Soneto pelas flores no trilho do trem

Vem de algum lugar profundo uma incerteza.
Passarão os dias. E passará este nó?
Vem a voz do inconsciente com a brutal leveza
de quem derruba um muro com um sopro só.

De dentro de mim eu ouço, nitidamente,
a terminal acusação a um fraco réu.
O tribunal da vida age implacavelmente:
pega as lembranças bonitas e as lança ao léu.

Tudo me vem dançando como numa alegoria
em pequenos filmes que eu preferia não ver
porque me fazem pequena, envergonhada, fria

Mas a lembrança do aprendizado inda me vem.
Deve haver razão futura a compreender
para todas as flores lançadas no trilho do trem.

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