quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Insígnia

Era aquele o momento da luta. Eu sabia
que de alguma forma me afetaria aquele drama.
Ele chegou num vento, um raio, trovão
tempestade.
Era aquele o sagrado momento em que as espadas
são desembainhadas. A luta acontecia.
Ele tinha um ar de profecia, olhos de promessa
eu perdia a luta e era aprisionada.

Era aquele o momento, quando aquele vento
bateu em mim, totalmente materializado.
Eu era uma mulher que me rendia.
O meu passado inteiro era marcado ali num carimbo de brasa
me prometendo que era aquele o meu começo.

Eu era uma mulher que amanhecia.
Coloquei em meus próprios pulsos a algema. E ele,
ele acontecia, acontecia. Era verdadeiro.

Era aquele o momento da chegada, Alice,
ao infinito País das Maravilhas.


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quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Absoluta

Eu sou uma mulher que pulsa.
E pulsa em mim, além da vida,
a vontade inerente à minha natureza
a vontade pura, transparente, avulsa,
que faz em mim a fera mais temida
e mais pulsante, e de maior beleza.

A mulher em mim se descompassa
e o pulso faz-se oculto pela blusa
que tem a cor e o tom da minha pele.
Mulher macia, gesto são, alma devassa,
que perde o rumo, a chave, se põe confusa
no medo enorme de que o sonho se revele.

Eu sou uma mulher que se eterniza.
Trago sementes mortas que o beijo ressuscita,
e que germinam paixões, flores e frutos.
Gosto da gota de suor quando desliza
e, quando abro o botão da rosa que me habita,
conto o segredo dos heróis mais dissolutos.


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