segunda-feira, 27 de março de 2017

O riso que me fazes

Nasce solto, despido
Livre de amarras, puro de intenções,
feito pluma, querendo ser soprado
e voar, incontido como deve ser,
ecoando às vezes, dançando pelos ares

O riso que me fazes te aspira
Suspira, inspira lentamente
Me enche o peito, o desejo,
me esvazia o pensamento
Me derrete, abre-me inteira
os lábios, a alma,
cada pedaço do corpo
Me atira à vontade de quase morrer
só para que me salves

Nasce, esse riso, desde os pés,
onda de frio, de calor
Arrepia os pelos, vem pelos cabelos
presos nas tuas mãos
Floresce, então, louvável, sagrado,
cada vez novo, cada vez único,
cada vez pleno de encantamento

Ah, o riso que me fazes chega tão doce,
bebe do teu hálito, muda então, olhos de lince
Se contorce pelas tuas curvas
se entrega, simples, sem medos,
sem qualquer sinal de resistência

Não, esse riso não quer mais partir.
Quer ficar mais, até amanhã,
até depois, até para sempre
até onde alcança o futuro
onde os olhos não veem
onde seja sempre assim, perfeita,
tão maravilhosa imperfeição.



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