Nasce solto,
despido
Livre de amarras,
puro de intenções,
feito pluma,
querendo ser soprado
e voar, incontido
como deve ser,
ecoando às
vezes, dançando pelos ares
O riso que
me fazes te aspira
Suspira,
inspira lentamente
Me enche o
peito, o desejo,
me esvazia o
pensamento
Me derrete, abre-me inteira
os lábios, a
alma,
cada pedaço do corpo
Me atira à
vontade de quase morrer
só para que
me salves
Nasce, esse
riso, desde os pés,
onda de
frio, de calor
Arrepia os
pelos, vem pelos cabelos
presos nas
tuas mãos
Floresce,
então, louvável, sagrado,
cada vez
novo, cada vez único,
cada vez
pleno de encantamento
Ah, o riso
que me fazes chega tão doce,
bebe do teu
hálito, muda então, olhos de lince
Se contorce pelas
tuas curvas
se entrega, simples,
sem medos,
sem qualquer
sinal de resistência
Não, esse riso não quer mais partir.
Quer ficar
mais, até amanhã,
até depois, até
para sempre
até onde
alcança o futuro
onde os
olhos não veem
onde seja
sempre assim, perfeita,
tão maravilhosa imperfeição.