segunda-feira, 21 de maio de 2012

Um dia, falou...


Um dia falou, tão serena,
que a vida era dura cena
de uma peça sem fim.
E eu, que inda era tão moça
humilde, na lida da roça,
me neguei a crer que sim.
É que meu sonho era tanto,
tão forte, tão pleno de encanto,
que a vida era uma ansiedade;
queria voar dali
bem longe donde nasci
pra ser moça da cidade.

Um dia falou, quando eu ía
partindo, que o peito doía,
mas que seguiria forte.
E eu, com tamanha pressa,
o abraço dei às avessas
pra não perder o transporte.
Passavam duros os dias
não tinha estrebarias
nem luares na cidade.
As dores eu escrevia
nas cartas, onde dizia
que ela havia dito a verdade.

Um dia falou: vem ligeiro,
que a mãe fez um lindo canteiro
de flores, pra te esperar.
E eu, que sofria tanto
de saudade e desencanto,
retornei ao doce lar.

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