quarta-feira, 23 de maio de 2012

Restos de mim


Sopra pela janela o inconsolável vento do outono.
Chora a morte das folhas,
o verde que cai por terra.

Aqui,
sob a profundeza do meu olhar,
a onda sonora.

Agora nada mais é nada
          Não há mais rimas
                   Não há mais versos.

Eu e o meu resto,
E nada mais.





segunda-feira, 21 de maio de 2012

Um dia, falou...


Um dia falou, tão serena,
que a vida era dura cena
de uma peça sem fim.
E eu, que inda era tão moça
humilde, na lida da roça,
me neguei a crer que sim.
É que meu sonho era tanto,
tão forte, tão pleno de encanto,
que a vida era uma ansiedade;
queria voar dali
bem longe donde nasci
pra ser moça da cidade.

Um dia falou, quando eu ía
partindo, que o peito doía,
mas que seguiria forte.
E eu, com tamanha pressa,
o abraço dei às avessas
pra não perder o transporte.
Passavam duros os dias
não tinha estrebarias
nem luares na cidade.
As dores eu escrevia
nas cartas, onde dizia
que ela havia dito a verdade.

Um dia falou: vem ligeiro,
que a mãe fez um lindo canteiro
de flores, pra te esperar.
E eu, que sofria tanto
de saudade e desencanto,
retornei ao doce lar.

Eu Aqui


Estou aqui
indefinidamente olhando para o futuro
e as rugas que se formam na perfeição do teu rosto.
Aqui, onde desce a última brisa,
neste lugar perdido no esquecimento.
Estou aqui e volto aonde te encontro
deito a minha face no teu colo e estremeço
e o teu braço me aquece, me aquece.
O tempo no futuro já tombou nossos sonhos
nos contentamos em pertencermos um ao outro,
e estimamos nossas mãos entrelaçadas.

Estou aqui,
indefinidamente imaginando,
imaginando.