Não é possível sintetizar, abreviar,
expressar-me de forma que não seja assim:
sumariamente amorfo.
Eu olhei o mundo pela janela,
pelos livros,
pelas palavras das pessoas que falam desenfreadamente
pelo silêncio dos que apenas observam
olhei pelos olhos pequenos do meu cachorro.
Tudo eu olhei.
Eu olhei aquilo que os olhos não enxergam,
perguntei seriamente:
- O que espera? Por que não responde?
Nada eu ouvi. Nem meu silêncio,
aquele que sempre gritou as respostas
nem ele responde. Tudo está mudo.
Eu li os dicionários, os espelhos.
Nada me define. Não é possível.
Eu viajei, contei histórias,
encontrei respostas que não cabem às minhas perguntas,
retornei, olhei meu lar, olhei meus olhos.
Nada me define.
Há um espaço no infinito entre aquilo que sou
e aquilo que se pode explicar.
É vão perguntar.
Eu não sou.
Eu não sou.